Dentre os inúmeros impactos desencadeados pelo processo de globalização e expansão dos mercados, o aumento da competitividade no mercado tem se destacado como um grande desafio para as empresas, seja pela necessidade de melhor posicionamento, ou até mesmo, pela necessidade de manter-se sustentável em sua atividade. Nesse sentido, a qualidade deixou de ser uma fonte de vantagem estratégica para ser uma vantagem competitiva (Kaplan; Norton, 1986).
Na tentativa de melhorar a qualidade dos seus produtos para garantir a satisfação de consumidores cada vez mais exigentes e com maiores opções disponíveis, a contabilidade cumpre papel imprescindível no fornecimento de informações necessárias às organizações na tomada de decisões (Padoveze, 2004). Nesse cenário, a Contabilidade torna-se suporte importante no que diz respeito à informação, principalmente pelo fato de constituir-se em “várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório” (Iudícibus, 1998, p. 21).
Portanto, qualquer tentativa séria de melhorar a qualidade dos produtos deve considerar os custos associados à obtenção da qualidade, já que o objetivo dos programas de melhoria contínua não é apenas atender aos requisitos do cliente, mas também fazê-lo com um menor custo (Schiffauerova; Thomson, 2006). Segundo Atkinson et al. (2001, p. 686), “a redução de custos envolve muito mais que simplesmente encontrar formas de corte dos custos do produto. O esforço principal da redução de custos é diminuir os custos enquanto se mantém ou melhora a qualidade do produto”.
Desse modo, surge o conceito de custos de qualidade que, segundo Garvin (1997, p. 94), “são definidos como quaisquer custos de fabricação ou de serviço que ultrapassem os que teriam havido se o produto tivesse sido feito ou o serviço tivesse sido prestado com perfeição da primeira vez”. Discutir custo da qualidade é relevante, pois reforça a busca na melhoria dos processos, do combate ao desperdício, amenizando os custos identificáveis, resultantes da falta de qualidade, como o retrabalho para consertar produtos defeituosos e devoluções de vendas por falhas no atendimento às necessidades dos clientes.
São essas oportunidades que os estudos de autores como Deming (1982) e Feigenbaum (1990) vêm comprovando tornarem as empresas mais lucrativas e competitivas. Num sentido mais amplo, Feigenbaum (1990) dá sustento à teoria de que investir em prevenção de custos é mais vantajoso, elevando o índice de satisfação dos clientes e assim, aumentando significativamente as vendas, trazendo para a empresa retornos satisfatórios e construindo uma boa imagem de padrão de qualidade perante os seus concorrentes.
No contexto da globalização, as empresas podem agora oferecer seus produtos e serviços em qualquer parte do mundo. Esse crescimento estrutural das organizações tem exigido maior flexibilidade para adaptarem-se às mudanças, principalmente, no que diz respeito à necessidade de controles cada vez mais eficazes. Para Kaplan (1980), o controle de custos torna-se relevante no aperfeiçoamento dos métodos de custeio e a identificação pelo que adiciona valor e eliminação do que não adiciona valor ao produto e serviço, o que caracteriza uma estratégia de suma importância para a criação de uma forte vantagem competitiva para a empresa.
Nessa perspectiva, diversos estudos foram realizados com o intuito de analisar o custo da qualidade, tais como os estudos de Martins (2011), Batista, Abbas, Camacho e Lopes (2018), todos pretendiam identificar os custos da qualidade e reforçar a importância da gestão dos custos de qualidade e o impacto que os mesmos refletem nos resultados da empresa e, consequentemente, no seu faturamento.
Trabalhos de extrema relevância trazendo como principal objetivo mostrar que a qualidade pode ser medida e gerenciada, de forma a tornar as empresas mais competitivas por meio de produtos e/ou serviços de alta qualidade. Em linhas gerais, os estudos realizados têm se desenvolvido, principalmente, com o objetivo de investigar a utilização dessa metodologia em diferentes setores, como meio de obtenção de vantagem competitiva pelas empresas. Por isso, em meio a esse mercado globalizado, a análise estratégica de custos torna-se um diferencial competitivo e essencial à sobrevivência da empresa.
Fonte: RODRIGUES, B. L. S., GONÇALVES, D. E. S. Gestão de custos de qualidade como estratégia competitiva em uma panificadora do recôncavo baiano. Revista de Administração e Contabilidade, Feira de Santana, v. 14. n. 1, p. 48-68. Disponível em: https://reacfat.com.br/reac/article/view/267/270. Acesso em: 21 out. 2025.